Formação para a Cúpula na Casa Feminista
Dinâmica facilitada pela Fátima na formação
Durante o trajeto de ida até o Rio de Janeiro, iniciado no dia 14 de junho da Praça da Gentilandia, houveram momentos de muita descontração com músicas tocadas pelas Tambores, Comadres do Rap e outras mulheres, momentos em que compartilhamos experiencias, conhecimentos e opiniões sobre os assuntos a serem pautados na Cúpula através de depoimentos, como o da Laura, que emocionou a todas, e um debate que culminou na construção de uma intervenção musical a ser realizada na Cúpula com a participação de todas as mulheres da AMB, momentos em que participamos de dinâmicas facilitadas pela Fátima, em que assistimos a filmes como "A Fonte das Mulheres", que por ser próximo a temática feminista, originou novos debates e a realização de pedágios nas estradas para complementar a renda e garantir que houvesse água e gelo durante todo o percurso.
Um acidente com uma carreta nos deixou horas paradas na estrada, no estado do Espírito Santo. Aproveitamos o tempo na estrada para uma rodada de apresentação e muita diversão numa roda com músicas e danças que prosseguiram mesmo em baixo de chuva, até a liberação da pista, atraindo a atenção de outras pessoas que também esperavam, como uma outra caravana da Bahia que como nós, seguia para a Cúpula e um radialista local que tirou diversas fotos do nosso grupo. Chegamos na madrugada do dia 17 de junho ao Rio de Janeiro e infelizmente, devido ao atraso, não participamos da cerimonia de abertura da Casa Feminista que abrigou as mulheres da AMB e pessoas de diversas nacionalidades, como Africa do Sul e Paraguai.
Algumas mulheres da nossa caravana
Muita diversão no ônibus, a caminho da Cúpula
Preparação para realização de um pedágio em uma das paradas
Roda de apresentações das integrantes da caravana na estrada
Parte da música-poesia construída na viagem
“Chora a floresta, a floresta chora
Chora a floresta mas o governo não olha!
Quantos indios morreram para o Brasil caminhar…
A história se repetindo para um belo monstro criar
Chora a floresta, a floresta chora
Chora a floresta mas o governo não olha!
o lugar em que eu nasci luto para preservar
A natureza está em mim e isso ninguém vai mudar
Identidade eu sustento
O mangue é meu alento
Índio é conhecimento
Você não pode comprar
Chora a floresta, a floresta chora
Chora a floresta mas o governo não olha!”
Nossa instalação ocorreu tranquilamente. Nos dividimos entre duas salas de aula e o pátio da escola que transformamos por alguns dias em uma Casa Feminista. No dia 17 de junho começamos o dia com uma reunião e como encerramento da mesma, formamos uma grande Ciranda Feminista puxada por nós, Tambores de Safo.
Ao chegarmos a Cúpula, além de atuarmos através de cortejo percussivo em diversos momentos, nos dividimos entre as plenárias de convergência que abordavam os seguintes temas:
- Plenária 1 - Direitos, Justiça Social e Ambiental
- Plenária 2 - Defesa dos Bens Comuns, Contra a Mercantilização
- Plenária 3 - Soberania Alimentar
- Plenária 4 - Energia e Indústrias Extrativas
- Plenária 5 - Trabalho: Por uma Outra Economia e Novos Paradigmas de Sociedade
A noite foi realizada uma reunião de avaliação das atividades do dia, preparação de cartazes e o ensaio com todas as mulheres da intervenção criada pela nossa caravana e de palavras de ordem a serem utilizadas no Ato das Mulheres.
Reunião de início da nossa atuação na Cúpula juntamente com as mulheres da AMB
Ciranda Feminista, criada anteriormente pelas Tambores de Safo
Algumas Tambores se preparando para o primeiro dia de atuação na Cúpula
Uma das plenárias de convergência que participamos
Algumas das Tambores participando da plenária
Reunião de avaliação da participação das mulheres da AMB no 1° dia de Cúpula e confecção de cartazes
Nova Ciranda Feminista após o ensaio para o ato
Nosso 2° dia na Cúpula começou com a inauguração do Território Global das Mulheres, onde aconteceram atividades específicas para mulheres e reuniu mulheres de todo o mundo. Lá ouvimos diversas falas de pessoas denunciando a situação ambiental e desigualdades sociais de suas localidades de origem, como as mulheres paraenses diretamente afetadas pela construção de Belo Monstro, uma chinesa retratando a atual situação ambiental no seu país e mostrando muita indignação pelo descaso dos governantes chineses com a preservação do meio ambiente e com parte da sociedade que dele tira responsavelmente seu sustento. Na inauguração, nós Tambores fizemos uma apresentação musical da música A Carne e puxamos o coro que entoava a música de nossa criação, Chora a Floresta.
Território Global de Mulheres
Após a inauguração, seguimos em cortejo para o Ato que iniciaria no MAM. O cortejo foi seguido por todas as mulheres da AMB, que entoavam palavras de "desordem", cortando quase toda a área destinada a Cúpula dos Povos e algumas ruas da cidade.
Cortejo que antecedeu ao Ato das Mulheres - Do Território Global de Mulheres ao MAM
O Ato de Mulheres reuniu mais de 5000 participantes que levavam faixas, cartazes, bandeiras e entoavam palavras de desordem. Nós, Tambores de Safo, conjuntamente com as mulheres da AMB, participamos do Ato através de cortejo realizado por nós, Tambores e puxávamos diversas palavras de desordem e trechos de músicas de nossa autoria, como o Funk da Solução, Lésbica e Negra, Bicicletinha, entre outras.
As palavras de desordem e trechos de músicas que tiveram destaque:
1° lugar
Chora a floresta, a floresta chora,
Chora a floresta mas o governo não olha.
Refrão da música-poesia criadopor Brigida Souza, integrante das Tambores de Safo
2° lugar
Se o corpo, se o corpo, se o corpo é da mulher,
ela dá pra quem quiser, ela dá pra quem quiser,
ela dá pra quem quiser, inclusive pra outra mulher.
Trecho do Funk da Soluçao, Música de autoria de Lila M. e Lídia Rodrigues, integrantes das Tambores de Safo.
A nossa luta é todo dia,
somos mulheres e não mercadorias
A nossa luta é por respeito
Mulher não é só bunda e peito
Nós, Tambores, durante o Ato, tiramos nossas blusas como forma de protesto, como sempre fazemos em cortejos e no nosso espetáculo, na apresentação da música A Carne, que é de autoria do Marcelo Yuka, Ulisses Cappelletti e Seu Jorge e que tem como interprete principal a cantora Elza Soares. O fato de protestarmos de "peito aberto" causou um grande interesse da mídia, que deu grande destaque a participação das Tambores de Safo no Ato das Mulheres. No momento em que tiramos a blusa, fomos cercadas por diversos fotógrafos e repórteres pedindo entrevistas, mas não nos intimidamos e seguimos assim até o final do Ato. Aparecemos no mesmo dia em telejornais de diversas emissoras de televisão, fomos capa de alguns jornais no dia seguinte e em muitos outros haviam reportagens sobre nós. A notícia se espalhou pela Casa Feminista e arredores, fazendo com que os jornais se esgotassem nas bancas mais próximas. Fomos procuradas pela imprensa de diversos meios de comunicação após a Cúpula, tendo aspectos positivos, como a oportunidade de visibilizar os ideais feministas em rede nacional, e negativos, como a tentativa machista e capitalista de transformar o nosso ato em mais uma forma de mercantilização do corpo da mulher, lidando conosco como se fossemos mercadorias. Devido a isso, fomos bastante seletivas nas entrevistas dadas, aceitando as que queriam abordar o assunto com enfoque político e recusando inúmeras propostas de meios de comunicação renomados.
Devido a manipulação de entrevistas dadas por nós a alguns meios de comunicação, chegando a deturpar seu conteúdo, a AMB em parceria com as Tambores de Safo, criaram uma nota para a imprensa como forma de repúdio a tentativa de transformar um Ato político anti-machista, anti-capitalista, anti-patriarcal no seu oposto.
O link abaixo é a carta a imprensa postada nesse mesmo blog:
Algumas reportagens com referencia a participação das Tambores de Safo estão nos links abaixo:
Eu já falei, vou repetir, AMB está aqui...
Participação das Tambores de Safo no Ato das Mulheres
Tambores descansando após o Ato das mulheres
Na noite após o ato fizemos outra reunião de avaliação com as mulheres da AMB e das atividades do dia nas plenárias de convergência.
No dia 19, último dia de participação das Tambores na Cúpula dos Povos, participamos das atividades do Território Global de Mulheres e realizamos uma pequena apresentação musical no interior da tenda
. Apresentação das Tambores na tenda Território Global das Mulheres
Na noite do dia 17 encerramos nossa participação na Cúpula dos Povos, mas a caravana cearense e as mulheres da AMB continuaram por lá, participando ativamente da Cúpula dos Povos.