sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Pela vida das mulheres: A luta pela legalização e descriminalização do aborto



“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.
Rosa Luxemburgo

A luta feminista tem como principal objetivo desconstruir os papéis estabelecidos em nossa sociedade, que nos divide entre mulheres e homens,gerando desigualdades e colocando, nós mulheres, em uma posição de submissão, nos impondo o mero lugar da reprodução que nos nega o lugar da produção (trabalho) e nos excluindo assim do mundo público.  Esse modelo que reforça o machismo e fortalece o patriarcado, nos coloca como testemunhas vivenciais das mais diversas expressões que permeiam e definem que nós mulheres não possamos ter autonomia sobre nossas vidas, muito menos, sobre nossos corpos, negando nossa sexualidade e nos tratando como mercadoria cotidianamente. Por não aceitarmos com naturalidade esse violento processo de dominação cultural, assumimos a luta das mulheres, como desafio constante, com radicalidade e nenhuma tolerância aos procedimentos, sejam no campo da família ou no campo do Estado, que busque nos submeter.

Na última terça (18/12) nos deparamos com a notícia de que no plenário da Câmara Municipal de Fortaleza, foi aprovado em discussão única, o projeto de Lei Nº 223/2012, de autoria do vereador Walter Cavalcante (PMDB), que institui a Marcha pela Vida contra o Aborto no calendário de Fortaleza. Tal lei nos deixa extremamente indignadas, primeiramente, por ter sido aprovada à surdina, não tendo sido pautada publicamente como acreditamos que deve ser o processo legislativo em um Estado democrático de direitos, excluindo a possibilidade de um debate com todas e todos implicados com a aprovação da lei, além de representar um retrocesso na forma de pautar a questão do aborto, assumida por nós feministas, como acima de tudo, um problema no campo da saúde pública.

Retrocesso porque a aprovação de uma data no calendário oficial da cidade associando à defesa da vida a criminalização das mulheres que praticam aborto se constitui, a nosso ver, na negação da vida das mulheres como legitima a ser defendida pelo Estado, e reduzindo-nos ao papel biológico que socialmente nos foi imposto. Reiterando ainda que a criminalização do aborto gera a debilidade da saúde física e mental das mulheres que cotidianamente, em uma postura responsável, optam pela interrupção da gravidez, e são obrigadas pelo Estado hipócrita a fazê-lo de forma clandestina.

Importante ainda reiterar que os movimentos que se autodenominam contra o Aborto são protagonizados, quase que exclusivamente, por religiões cristãs, comprometendo assim, o principio constitucional a laicidade do Estado.

Acreditamos ainda que a aprovação do PL Nº 223/2012 é uma forma de manipulação da opinião pública quanto às proposições apresentadas para a Reforma do Código Penal que ampliam o direito das mulheres na condução de sua vida reprodutiva de forma autônoma. Essa crença se baseia no fato que o prazo de proposta de emendas ao novo Código está suspenso e que há expectativa que ocorram em 2013 uma série de audiências públicas e que após haja um novo prazo para apresentação de emendas.

Não podemos compactuar com a criminalização das mulheres condenadas ao abortamento inseguro, vítimas da insuficiência e sucateamento da saúde pública incompetente ao lidar com a prevenção e com o trato a saúde reprodutiva das mulheres, sobretudo as pobres que dependem do Sistema Único de Saúde. Não podemos admitir que o debate seja tratado de forma superficial e regido pela igreja, pois em tese vivemos em um estado laico.

Reconhecemos a importância das parcerias que ao longo desse trajetocontribuíram de forma significativa para avançarmos na concretização de um mundo justo e igualitário entre mulheres e homens, respeitando a auto-organização das mulheres, e, entendemos que com a ofensiva reacionária frente as nossas conquistas não podemos recuar. Por isso apresentamos a nossa pauta, solicitando a única coisa que diante de tantos absurdos nos parece razoavelmente racional e pautada nas necessidades reais de grande parte das mulheres: O Veto ao PL Nº 223/2012!!!

Compreendemos ainda que o veto ao PL não garante que a próxima legislatura desarquive o projeto, votando novamente e enviando ao próximo prefeito, ou mesmo que o veto a partir de 02 de janeiro seja derrubado, no entanto, acreditamos que o veto demarca a posição política das mulheres feministas, nos fortalecendo enquanto movimentos e nos instrumentalizando para pautar a questão na sociedade.  O veto, diante de todas as imposições antidemocráticas representa a capacidade de resistência, marca tão usual em nós mulheres de luta.

Acreditamos que juntas podemos resistir aos ataques reacionários e rasos, e, no cotidiano transformar Fortaleza em uma cidade justa com as mulheres!Acreditamos no comprometimento que esta gestão sempre teve com a luta das mulheres, representado por uma prefeita que tem como característica sua ousadia e que não permitirá que tal lei seja sancionada em seu governo.

Fortaleza, 26 de dezembro de 2012

Assinam esta nota:
Frente Estadualpela legalização e descriminalização do aborto
AMB - Articulação de Mulheres Brasileiras
Marcha Mundial das Mulheres
Fórum Cearense de Mulheres
Instituto Negra do Ceará - INEGRA
FRIDA KAHLO Organização Feminista
Casade Cultura eDefesa da Mulher Chiquinha Gonzaga
Juventude Negra Kalunga
IJC – Instituto de Juventude Contemporânea
KIZOMBA
ENEGRECER
ELO FEMINISTA
Casa das Orquídeas
Tambores de Safo
LAMCE - Liberdade do Amor entre Mulheres no Ceará
Movimento de Mulheres Olga Benário
Cunhã - Coletivo Feminista
União de Mulheres de São Paulo
Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense
SOS Corpo
Cfemea
URUCUM
RENAP/CE
Diretório Central dos Estudantes do IFCE
CUT – Central Única dos Trabalhadores e Trabalhadoras
FETAMCE – Federação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal do Estado do Ceará
Diretório Central dos Estudantes da UECE
Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social - Região 2
SAJU – Serviço deAssessoria Jurídica Universitária Popular
Consulta Popular do Ceará
Levante Popular da Juventude do Ceará
PCB/CE – Partido Comunista do Brasil
UJC/CE – União da Juventude Comunista
Emir Sader
Débora Marjorie – Educadora Social
Luana Paula Moreira Santos – Assistente Social – CRESS 4691
Joice Costa Mendonça – Estudante de Administração – FIC
Eudes Baima - Professor da UECE, vice-presidente da SINDUECE

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Domingo tem participação das Tambores de Safo no Encontro Afro no Estoril.
São as Prévias da Feira da Música que já estão rolando!
Apareça vai rolar uma batucada irada com diversos grupos de percussão de Fortaleza!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

25 de julho - Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Hoje, dia 25 de Julho, nós mulheres das Tambores de Safo, estamos em festa e celebração!

E para contagiar a todas e todos com nossos cantos de memória, lamento, orgulho e celebração convocamos tod@s a estarem  com a gente no Mocó Estudio, na Rua José Avelino - Praia de Iracema a partir das 20h onde faremos uma apresentação especial marcando este importante dia!

Desde 1992, a partir do I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, o 25 de Julho é celebrado como o dia internacional da luta e da resistência da mulher negra. Para marcar a data, nós das Tambores, estamos junto com o Inegra - Instituto Negra do Ceará e outros coletivos de mulheres negras, feministas e antiracistas como a Articulação de Mulheres Negras Brasileiras -AMNB e Articulação de Mulheres Brasileiras -AMB realizando a Campanha "Negras Livres", reafirmando a beleza, cultura e identidade da mulher negra. Ação tem como iniciativa também colaborar no combate a qualquer tipo de discriminação e opressão sobre essas mulheres.
Conheça nossos materiais de campanha e compartilhe na internet. Abaixo algumas das iamegsn que já estão circulando.



Quarta feira tem festa imperdível!
Celebração do Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha!
Show de Tambores de Safo e lançamento do livro Tambores pra Nzinga de Nina Rizzi, Tambor de Criola de Mestre Felipe, Ibadã Brasil e muita capoeira na Quarta de Iansã no Mocó Estúdio, na Praia de Iracema!

domingo, 8 de julho de 2012

I Torneio pela Visibilidade Lésbica - Mulheres de goleada contra a violência



   
Em mobilização das mulheres de Fortaleza para o dia 29 de agosto - Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, a Batucada Tambores de Safo e o grupo LAMCE - Liberdade do Amor entre Mulheres no Ceará promovem o Iº Torneio de Futsal pela Visibilidade das Lésbicas e Mulheres Bissexuais.

Além do Futsal, a feijoada e as apresentações artísticas como do próprio grupo Tambores de Safo marcam a programação do próximo domingo, dia 15.

Para se inscrever, cada time deverá pagar uma taxa de inscrição simbólica de 20,00 reais, afim de contribuir com os custos de arbitragem e premiação.

         As equipes terão até o dia 12/07/2012 para se inscreverem, nesta mesma data será realizado o Congresso Técnico para detalhar o regulamento da competição.

        Inscrições no contato:
       - Deyse M. (85)87743190
       - Lila M. (85)85849386
Endereço:  Rua Duarte Pimentel, 484, Fortaleza

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Participação das Tambores de Safo na Cúpula dos Povos

A participação das Tambores de Safo na preparação para a viagem a Cúpula dos Povos, em parceria com o Fórum Cearense de Mulheres, a Articulação de Mulheres Brasileiras e diversas outras organizações de mulheres se deu através da participação na formação política de construção da caravana cearense e paraibana, realizada no dia 27 de maio e da arrecadação de verba para que todas as mulheres da caravana recebessem ajuda na alimentação durante o percurso na ida e na volta, já que a AMB garantiu a alimentação durante a Cúpula, transporte até o ônibus cedido pela AMB para as mulheres do interior do Ceará, transporte dos instrumentos e passagens de volta de avião para que 8 integrantes das Tambores de Safo pudessem estar em Fortaleza a tempo de cumprir a agenda de shows. A verba foi arrecadada através de uma festa realizada na Casa Feminista com feijoada e bingo e a elaboração e aprovação de um projeto enviado para a CESE.

                                               Formação para a Cúpula na Casa Feminista

                                                Dinâmica facilitada pela Fátima na formação

Durante o trajeto de ida até o Rio de Janeiro, iniciado no dia 14 de junho da Praça da Gentilandia,  houveram momentos de muita descontração com músicas tocadas pelas Tambores, Comadres do Rap e outras mulheres, momentos em que compartilhamos experiencias, conhecimentos e opiniões sobre os assuntos a serem pautados na Cúpula através de depoimentos, como o da Laura, que emocionou a todas, e um debate que culminou na construção de uma intervenção musical a ser realizada na Cúpula com a participação de todas as mulheres da AMB, momentos em que participamos de dinâmicas facilitadas pela Fátima, em que assistimos a filmes como "A Fonte das Mulheres", que por ser próximo a temática feminista, originou novos debates  e a realização de pedágios nas estradas para complementar a renda e garantir que houvesse água e gelo durante todo o percurso.
Um acidente com uma carreta nos deixou horas paradas na estrada, no estado do Espírito Santo. Aproveitamos o tempo na estrada para uma rodada de apresentação e muita diversão numa roda com músicas e danças que prosseguiram mesmo em baixo de chuva, até a liberação da pista, atraindo a atenção de outras pessoas que também esperavam, como uma outra caravana da Bahia que como nós, seguia para a Cúpula e  um radialista local que tirou diversas fotos do nosso grupo. Chegamos  na madrugada do dia 17 de junho ao Rio de Janeiro e infelizmente, devido ao atraso, não participamos da cerimonia de abertura da Casa Feminista que abrigou as mulheres da AMB e pessoas de diversas nacionalidades, como Africa do Sul e Paraguai.

                                                    Algumas mulheres da nossa caravana

Muita diversão no ônibus, a caminho da Cúpula

Preparação para realização de um pedágio em uma das paradas 

Roda de apresentações das integrantes da caravana na estrada      

Parte da música-poesia construída na viagem

“Chora a floresta, a floresta chora
Chora a floresta mas o governo não olha!

Quantos indios morreram para o Brasil caminhar…
A história se repetindo para um belo monstro criar

Chora a floresta, a floresta chora
Chora a floresta mas o governo não olha!

o lugar em que eu nasci luto para preservar
A natureza está em mim e isso ninguém vai mudar

Identidade eu sustento
O mangue é meu alento
Índio é conhecimento
Você não pode comprar

Chora a floresta, a floresta chora
Chora a floresta mas o governo não olha!”                                   

Nossa instalação ocorreu tranquilamente. Nos dividimos entre duas salas de aula e o pátio da escola que transformamos por alguns dias em uma Casa Feminista. No dia 17 de junho começamos o dia com uma reunião e como encerramento da mesma,  formamos uma grande Ciranda Feminista puxada por nós, Tambores de Safo.
Ao chegarmos a Cúpula, além de atuarmos através de cortejo percussivo em diversos momentos, nos dividimos entre as plenárias de convergência que abordavam os seguintes temas:
- Plenária 1 - Direitos, Justiça Social e Ambiental
- Plenária 2 - Defesa dos Bens Comuns, Contra a Mercantilização
- Plenária 3 - Soberania Alimentar
- Plenária 4 - Energia e Indústrias Extrativas
- Plenária 5 - Trabalho: Por uma Outra Economia e Novos Paradigmas de Sociedade
A noite foi realizada uma reunião de avaliação das atividades do dia, preparação de cartazes e o ensaio com todas as mulheres da intervenção criada pela nossa caravana e de palavras de ordem a serem utilizadas no Ato das Mulheres.

                        Reunião de início da nossa atuação na Cúpula juntamente com as mulheres da AMB

                                    Ciranda Feminista, criada anteriormente pelas Tambores de Safo

                           Algumas Tambores se preparando para o primeiro dia de atuação na Cúpula

                                          Uma das plenárias de convergência que participamos

                                             Algumas das Tambores participando da plenária

Reunião de avaliação da participação das mulheres da AMB no 1° dia de Cúpula e confecção de cartazes

                                            Nova Ciranda Feminista após o ensaio para o ato
                                 
Nosso 2° dia na Cúpula começou com a inauguração do Território Global das Mulheres, onde aconteceram atividades específicas para mulheres e reuniu mulheres de todo o mundo. Lá ouvimos diversas falas de pessoas denunciando a situação ambiental e desigualdades sociais de suas localidades de origem, como as mulheres paraenses diretamente afetadas pela construção de Belo Monstro, uma chinesa retratando a atual situação ambiental no seu país e mostrando muita indignação pelo descaso dos governantes chineses com a preservação do meio ambiente e com parte da sociedade que dele tira responsavelmente seu sustento. Na inauguração, nós Tambores fizemos uma apresentação musical da música A Carne e puxamos o coro que entoava a música de nossa criação, Chora a Floresta.

                                                         Território Global de Mulheres
                         
Após a inauguração, seguimos em cortejo para o Ato que iniciaria no MAM. O cortejo foi seguido por todas as mulheres da AMB, que entoavam palavras de "desordem", cortando quase toda a área destinada a Cúpula dos Povos e algumas ruas da cidade.

                   Cortejo que antecedeu ao Ato das Mulheres - Do Território Global de Mulheres ao MAM

O Ato de Mulheres reuniu mais de 5000 participantes que levavam faixas, cartazes, bandeiras e entoavam palavras de desordem. Nós, Tambores de Safo, conjuntamente com as mulheres da AMB, participamos do Ato através de cortejo realizado por nós, Tambores e puxávamos diversas palavras de desordem e trechos de músicas de nossa autoria, como o Funk da Solução, Lésbica e Negra, Bicicletinha, entre outras.

As palavras de desordem e trechos de músicas que tiveram destaque:

1° lugar

Chora a floresta, a floresta chora,
Chora a floresta mas o governo não olha.

Refrão da música-poesia criadopor Brigida Souza, integrante das Tambores de Safo

2° lugar
Se o corpo, se o corpo, se o corpo é da mulher,
ela dá pra quem quiser, ela dá pra quem quiser,
ela dá pra quem quiser, inclusive pra outra mulher.

Trecho do Funk da Soluçao, Música de autoria de Lila M. e Lídia Rodrigues, integrantes das Tambores de Safo.    

A nossa luta é todo dia, 
somos mulheres e não mercadorias
A nossa luta é por respeito
Mulher não é só bunda e peito

    Nós, Tambores, durante o Ato, tiramos nossas blusas como forma de protesto, como sempre fazemos em cortejos e no nosso espetáculo, na apresentação da música A Carne, que é de autoria do Marcelo Yuka, Ulisses Cappelletti e Seu Jorge e que tem como interprete principal a cantora Elza Soares. O fato de protestarmos de "peito aberto" causou um grande interesse da mídia, que deu grande destaque a participação das Tambores de Safo no Ato das Mulheres. No momento em que tiramos a blusa, fomos cercadas por diversos fotógrafos e repórteres pedindo entrevistas, mas não nos intimidamos e seguimos assim até o final do Ato. Aparecemos no mesmo dia em telejornais de diversas emissoras de televisão, fomos capa de alguns jornais no dia seguinte e em muitos outros haviam reportagens sobre nós. A notícia se espalhou pela Casa Feminista e arredores, fazendo com que os jornais se esgotassem nas bancas mais próximas. Fomos procuradas pela imprensa de diversos meios de comunicação após a Cúpula, tendo aspectos positivos, como a oportunidade de visibilizar os ideais feministas em rede nacional, e negativos, como a tentativa machista e capitalista de transformar o nosso ato em mais uma forma de mercantilização do corpo da mulher, lidando conosco como se fossemos mercadorias. Devido a isso, fomos bastante seletivas nas entrevistas dadas, aceitando as que queriam abordar o assunto com enfoque político e recusando inúmeras propostas de meios de comunicação renomados.  
    Devido a manipulação de entrevistas dadas por nós a alguns meios de comunicação, chegando a  deturpar seu conteúdo, a AMB em parceria com as Tambores de Safo, criaram uma nota para a imprensa como forma de repúdio a tentativa de transformar um Ato político anti-machista, anti-capitalista, anti-patriarcal no seu oposto.

O link abaixo é a carta a imprensa postada nesse mesmo blog:

Algumas reportagens com referencia a participação das Tambores de Safo estão nos links abaixo:





                                                    Eu já falei, vou repetir, AMB está aqui...

                                      Participação das Tambores de Safo no Ato das Mulheres

                                             Tambores descansando após o Ato das mulheres 

Na noite após o ato fizemos outra reunião de avaliação com as mulheres da AMB e das atividades do dia nas plenárias de convergência.

No dia 19, último dia de participação das Tambores na Cúpula dos Povos, participamos das atividades do Território Global de Mulheres e realizamos uma pequena apresentação musical no interior da tenda

.                               Apresentação das Tambores na tenda Território Global das Mulheres

Na noite do dia 17 encerramos nossa participação na Cúpula dos Povos, mas a caravana cearense e as mulheres da AMB continuaram por lá, participando ativamente da Cúpula dos Povos.   

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Imperdível! Tambores de Safo na praça do Ferreira




Você já assistiu o nosso espetáculo "Tambores que ecoam contra as opressões"?
Não percam essa oportunidade!
De Sexta pra sábado (22 pra 23/6) vai rolar na Praça do Ferreira, a Virada Cultural LGBT.
Nosso espetáculo será logo depois da 00:00

Vamos todas juntas emanar energias para um mundo melhor!

Mulherada organizada ocupa a Avenida Beira Mar!

Bora???
Não esqueçam suas faixas, cartazes, bandeiras, malabaris e instrumentos.
Vamos parar Fortaleza para denunciar a lesbofobia e o Machismo e o racismo!


"Liberdade é pouco, o que quero ainda não tem nome"
Clarice Lispector

Nota à Imprensa


Comunicado à Imprensa
Articulação de Mulheres Brasileiras e Tambores de Safo

No último dia 18, durante a manifestação pública das redes articuladas no Território Global das Mulheres da Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro, nós feministas das Tambores de Safo nos expressamos,  mais uma vez, com nossa arte e nossa música, em defesa da justiça socioambiental e repudiando o desenvolvimento do capitalismo verde que ameaça direitos das populações e a natureza, agravando as múltiplas crises que vivemos – social, ambiental, climática, financeira, alimentar.
Na passeata, tocamos nossas alfaias e desnudamos nossos corpos para expressar politicamente nossa indignação e protesto, somando-nos ao alerta feminista manifesto nesta Cúpula dos Povos, diante dos resultados das negociações da Rio+20.
Frente à repercussão de nosso ato queremos comunicar, juntamente com nossas companheiras integrantes da Articulação de Mulheres Brasileiras, os sentidos de nossa ação feminista.
___________
Nosso corpo, nosso primeiro território. Com este pensamento, nós mulheres do movimento feminista fomos às ruas. A passeata foi um grito contra o capitalismo que tenta se disfarçar de verde, mas se mantém com sua voracidade de lucro que tudo transforma em mercadoria: o ar que respiramos, os conhecimentos dos povos, a água, as florestas, as sementes, a vida... Nossos corpos livres e nus falaram ao mundo que não aceitamos que os governos tratem nossos direitos como moeda de troca para patrocinar um dito desenvolvimento que não considera os direitos humanos.

Queremos viver bem, viver em condições de igualdade, viver com liberdade. Mostramos nossos peitos nus como expressão política da nossa luta. Tocamos tambores e gritamos nossas palavras de desordem. Queremos por fim à ordem patriarcal, capitalista e racista. Nossos peitos indignados exigem ar puro para viver.

Nosso corpo nos pertence. Este foi o nosso grito feminista nos anos 1970. Com ele denunciamos a exploração e dominação. Hoje, renovamos este clamor. Queremos ser donas de nossa própria vida, livres do racismo e da lesbofobia. Livres da violência machista na família, nas ruas e na mídia. Livres da discriminação na política e da dupla jornada de trabalho.

Queremos decidir o que vestir, o que comer e como viver. Não aceitamos as imposições do modo de produção e de consumo com o qual o capitalismo tenta submeter os povos do mundo. Nossa mesa é um ponto de encontro com quem convivemos e amamos, e nela queremos compartilhar alimentos saudáveis. Por isso gritamos não aos agrotóxicos, aos transgênicos, à monocultura. Do alimento depende a saúde do nosso corpo. Temos direitos de exigir alimentos saudáveis.

Denunciamos a violação de nossos corpos pelos homens, pela mídia, pela sociedade e pelas instituições que lhe dão sustentação. Denunciamos a heterossexualidade como obrigação que nos impõe uma forma de viver nosso afeto e prazer, marginalizando ou transformando em fetiche a lesbianidade e a bissexualidade. Denunciamos os abusos da medicina estética e da indústria cosmética que manipula, explora e controla nosso corpo e impõe sofrimento e risco de morte a muitas mulheres pressionadas pelos padrões de beleza ditados pela indústria e pela mídia, empresas que estão nas mãos de homens brancos e burgueses que ganham enormes lucros com as nossas dores e com a venda de ilusões.

Condenamos a exploração das mulheres pela indústria farmacêutica. Em todo o mundo, as mulheres formam a maioria das pessoas que consome tranquilizantes, remédios que anestesiam nossos corpo e nossa mente, para que suportemos a opressão e violência que nos causam tanto mal. Lutamos para escolher tratamentos e modos de vida e para impedir que os grandes laboratórios ganhem com nosso adoecimento.

Exigimos o fim da exploração das mulheres negras pela cultura patriarcal e racista, que nos trata como produto de exportação. Nosso corpo não está à venda. Nossa imagem não é mercadoria. Queremos o fim da exploração do corpo e da sexualidade das mulheres.
 
É preciso superar a hegemonia capitalista e reconhecer legítimas outras formas de economia e de produção do viver, em bases colaborativas e solidárias. É preciso por fim a relações de produção e trabalho baseadas na exploração sem fim das pessoas e da natureza, na divisão sexual do trabalho e na superexploração das mulheres dela decorrente.

Defendemos a efetivação dos direitos de todos os povos do mundo e seus territórios e seus modos de vida. E defendemos os direitos de nós, mulheres, à igualdade, à autonomia e à liberdade em todos os territórios onde vivemos e naqueles onde existimos. Nossos corpos são nosso primeiro território.

Afirmamos que nosso projeto de felicidade inclui inúmeras possibilidades­­­­ ­de realização: pelo estudo, trabalho, na luta política, nas artes, no lazer e não só pela maternidade, mas também por ela, desde que seja desejada.

Os nossos corpos nus nas ruas expressam os nossos sonhos de autonomia e liberdade. Queremos ser livres para o amor e o prazer. Livres para sermos mais felizes.
Rio de Janeiro e Fortaleza,  21 de junho de 2012.
Tambores de Safo e integrantes da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB)
presentes no Território Global das Mulheres da Cúpula dos Povos

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Contatos:
Pela organização Tambores de Safo:  Alessandra Guerra (85) 8508.1618 ou (85) 9781.1718
Pela coordenação executiva da AMB e coordenação do Território Global das Mulheres na Cúpula dos Povos: Schuma Schumaher (21) 9999.9122

domingo, 8 de abril de 2012

Cordel para Tambores de Safo - Mentinha Pescadora

Uma linda homenagem da querida pescadora e lutadora Mentinha para as Tambores de Safo :)


MOÇADA DOS TAMBORES DE SAFO
SEU JEITO DE SER

Na onda do feminismo
tudo pode acontecer
as mulheres se organizam
e juntas elas tem poder
se expressam de muitas maneiras
levantando suas bandeiras
mostrando seu jeito de ser

Uma grande mulher que existiu
deixou história pra inspirar
sua alma não sumiu
deixou semente pra plantar
uma figura importante
de uma época muito distante
Safo seu nome, Grécia seu lugar

Um grupo foi criado
por mulheres todo formado
Tambores de Safo do Ceará
tem lugar pra quem quiser entrar
aquele de mente aberta
que o preconceito não desperta
vai poder participar.

Esse grupo mostra a verdade
que há em nossa sociedade
um mundo de preconceitos
falta amor, falta respeito
as mulheres têm coragem
de passar uma mensagem
de conquista e luta por direito.

Quando vão se apresentar
todos param pra olhar
muito sérias e legantes 
com vozes lindas triunfantes
mostram em sua arte
a beleza de quem faz parte
de um movimento importante.

Encontraram mais uma maneira
de mostrar a sua bandeira
de luta e resistência
de sofrimento e persistência
mostram que elas tem valor
com seu jeito encantador
demonstram sua inteligência.

O que mais impressiona
e a muitos emociona
é a diversidade
de cores, raça e idade
essas mulheres tem liberdade
de se expressarem de verdade
de acordo com sua vontade.

A liberdade de amar,
o prazer de abraçar...
não importa quem seja
se é isso que seu coração deseja
não há como esconder
é um risco que ser tem a correr
amar e ser amado, faz parte do viver.

O que essas mulheres fazem
a cultura que elas trazem,
não se encontra em toda parte
é uma linda forma de arte
trouxeram pra este mundo egoísta
uma prova da conquista
da grande luta femininista.

Cida, Fabíola e Fabiane
Lila, Alessandra e Daiane
cada uma do seu jeito
não se importam com os defeitos
todas tocam seus tambores
assim mostram seus valores
e conquistam seus direitos

Patrícia, Aline e Rafinha
Bia, Luana e Flavinha
todas tem sua valentia
muita garra e ousadia
não têm medo de falar
pelas ruas vão marchar
construindo cidadania.

Amigos e amigas, agora vou lhes dizer
essa luta não é só delas, sua parte vá fazer
lutamos por igualdade
de toda a sociedade
Vamos seguir o exemplo dessa mulherada
que com toda dificuldade
lutam e falam a verdade
e assim seguem a jornada.

A mim, vocês já devem conhecer,
Sou Mentinha Pescadora, se você quiser saber.
Eu estou no meio dessa luta
e você que me escuta
agora preste atenção
não há outro jeito não.
O mundo só vai pra frente
com garra, força e união.


Autora: Maria do Livramento Santos
mentinha

em abril de 2011.